quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Aristocrata

O mundo não se decide se me quer só ou deseja minha companhia.
Cachorro de rua vagando por migalhas sobreviventes:
- Não quero seu "amor cidadão"! - disse com desprezo ao estranho.
-Posso me sentar ao menos? - o estranho.

Por quê diabos querem sentar-se comigo logo quando escolho - ou sobra-me - a pior mesa?!
Justo eu que sempre preferí comer no chão da sala por considerar a mesa um espaço limitado e este outro agregar uma ceia com maior número de pessoas. E tantas vezes neste chão de sala fartei-me sozinho.

- Você está bem? - o estranho.
- Estou péssimo.

Ainda que se encare o fato de se ser um contraponto no mundo, não se faz tal coisa por orgulho. Não há glória alguma na lealdade.

- Tenho que ir! - o estranho.

A fúria do silêncio não corrói apenas o silenciado. Ali esvai-se, principalmente, a vida do assassino.

escove o cérebro!

2 comentários:

  1. Quem é o assassino de fato?
    Quem faz calar já corroeu-se, e quem cala, se esvai? Talvez o assassino seja um silenciado tomando um café, abatido, num boteco do centro -o que fala mais alto.

    Legal um micro-conto para um macro-desabafo, como este.

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